O 3º Fórum Mundial de Parceiros contra a Tuberculose, sediado no Centro de Convenções Sul América, no Rio de Janeiro, aconteceu entre os dias 23 e 25 de março de 2009, reunindo diferentes segmentos da sociedade, tais como ativistas, organizações não-governamentais, representantes dos Programas de Controle da Tuberculose, políticos, pesquisadores, financiadores, indústria entre outros. Com o objetivo de discutir novas diretrizes para uma luta mais eficiente contra a TB o evento, porém, possibilitou poucas oportunidades de debate e de entendimento das experiências partilhadas por outros paises, devido à ausência de tradução simultânea em algumas plenárias, impedindo a troca entre os participantes.
No dia 24 de março, em que se comemora o Dia Mundial de Luta Contra a Tuberculose, lideranças da Rede de Comunidades Saudáveis organizaram uma roda de conversa “extra-oficial”, possibilitando um espaço de participação livre para exposição de idéias e experiências em ações para tuberculose realizados nas comunidades populares do Rio de Janeiro, o que fez desse espaço o único para debate. Participaram ainda técnicos do CEDAPS, Transformarte e outras pessoas que se agregaram à discussão.
A roda iniciou com uma apresentação improvisada de Kakau Morais (Prec@Vida), cantando músicas que abordavam prevenção de DST/Aids e tuberculose. As discussões giraram em torno de: estratégias comunitárias para disseminação de informações sobre tuberculose, vulnerabilidade à doença, tratamento dos pacientes e acompanhamento pelos serviços de saúde, moradia saudável e interação entre álcool e medicamentos.
O depoimento de Nemese Nascimento (Associação de Moradores Morro da Fé) ilustrou essas questões: “Nossa maior dificuldade é o tratamento e acompanhamento dessas pessoas, pois não temos como fazer nenhum tipo de encaminhamento. Quando elas saem do hospital, começa um outro tipo de trabalho que é o acompanhamento, que deve ser feito em casa. Só que não tem ninguém para fazer este acompanhamento, pois a família precisa gerar renda e não pode ficar cuidando dessas pessoas. Por isso eles abandonam o tratamento na metade, deixam de tomar o medicamento. Ainda tem os casos dos pacientes alcoólicos que acreditam que se ingerirem álcool durante o tratamento o efeito do remédio é suspenso”.
A roda terminou com a fala de uma pessoa vivendo com HIV, que já teve tuberculose, e deu seu depoimento: “Sou de São Paulo e vim para o Rio de Janeiro com o objetivo de participar deste movimento. Nós somos cidadãos positivos; tem que ficar bem claro que somos cidadãos. A medicação ainda é de difícil acesso, somos discriminados e rotulados. Esta roda está sendo muito importante, pois estamos aprendendo com experiências próximas e com a fala de companheiros que falam a nossa linguagem. Quando eu ouvi a Kakau cantando e a fala cativante da Soninha [Sônia Gonçalves, Associação de Mulheres e Amigos do Morro do Urubu], eu tive a certeza que encontrei o ligar certo durante toda a minha estadia neste seminário”.
O Fórum ainda teve como recomendações: aproximação do movimento de Aids com o movimento de TB, parceria com a Cruz Vermelha Internacional, valorização dos trabalhos desenvolvidos pelas ONGs comunitárias e maior financiamento para pesquisas.