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RCS participa do 7º Congresso Brasileiro de Prevenção das DST/Aids

Quinze integrantes da Rede de Comunidades Saudáveis (RCS) participaram do 7º Congresso Brasileiro de Prevenção das DST e Aids, realizado de 25 a 28 de junho, em Florianópolis (SC). Promovido pelo Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde, o encontro tratou das questões globais e locais envolvidas no enfrentamento da epidemia de Aids.

Três lideranças fizeram apresentações orais: Ana Maria Manço, da Ascep, que apresentou o trabalho “Com cuidado e beleza: estratégias comunitárias de prevenção das DST/Aids com mulheres negras no Parque Proletário da Penha”; Zoraide Gomes, do Núcleo Comunitário de Prevenção – PROA, que falou sobre “Uma experiência de prevenção das DST/Aids no Morro dos Prazeres”; e Kakau Moraes, do Precvida, que apresentou “Sexo só de camisinha: funk e hip hop na prevenção de DST/Aids”. Kakau também participou, no dia 26, do desfile da Daspu .

Na modalidade pôster, foram cinco trabalhos apresentados: “Conexão G: prevenção de DST/Aids e promoção de direitos humanos de GLBTTT do Complexo de Favelas da Maré” (Gilmar Santos/Conexão G); “Prevenção, direitos e participação comunitária no Complexo do Alemão – RJ” (Lucia Cabral/Educap); “Prevenção dá Samba” (Márcia de Souza/Centro Comunitário Raiz e Vida); “Comunidade em ação: diminuindo a resistência ao uso de preservativos” (Roberval de Castro/CERAC); e “Projeto Acorda, Comunidade: promoção da saúde, educação e prevenção as DST/Aids” (Tânia Alexandre/Amepa).

Houve ainda uma mesa de “Troca de Experiências”, na qual Lucia Cabral apresentou a Rede de Comunidades Saudáveis e falou sobre o trabalho de prevenção que a Educap desenvolve em comunidades do Complexo do Alemão.

Além das que apresentaram trabalho, também participaram do congresso lideranças da RCS que integram o GT Aids e Comunidades Populares do Fórum de ONGs/Aids do Rio de Janeiro. Segundo as lideranças, o evento foi uma oportunidade de aprendizado e de visibilidade de suas ações e grupos comunitários.

“A gente procura algo pra levar coisas diferentes pra comunidade. A nossa ansiedade é ver coisas diferentes pra fazer e pra falar. Foi uma troca de experiências já dentro do ônibus [que fazia o trajeto para o Congresso]. Dentro do que eu falei sobre o Labirinto das Sensações [atividade oferecida no evento] já estamos até fazendo uma peça. Por mais simples que seja, o povo quer novidade e vamos fazendo modificações no nosso trabalho”, disse Iracy Maria Ramos, do Codecim/Magé.

Fórum ‘Aids e comunidades populares’

Como uma das atividades realizadas antes da abertura oficial do Congresso, aconteceu, no dia 25, um fórum para discutir o trabalho de prevenção das DST/Aids desenvolvidos por lideranças comunitárias. Intitulado “Comunidades populares: tecendo a rede das iniciativas comunitárias para o fortalecimento de novos sujeitos, novos cuidados e novos territórios na luta contra a Aids e outras DST”, o fórum reivindicou o reconhecimento do papel das comunidades como parte da resposta brasileira à epidemia de HIV/Aids e elaborou recomendações para a formulação de ações de apoio às iniciativas comunitárias de prevenção.

O fórum reuniu lideranças de favelas e bairros de periferia (como RCS Rio e Bahia e Congesco), integrantes de movimentos sociais (como Conselho Nacional de Seringueiros-CNS, Movimento de Atingidos por Barragens-MAB e Central de Movimentos Populares-CMP), representantes de organizações não-governamentais (Coletivo de Mulheres Negras Nzinga – MG e Grupo de Mulheres Negras Malunga – GO), de comunidades quilombolas e indígenas, do GT Aids e Comunidades Populares do Fórum de ONGs/Aids do Rio de Janeiro, profissionais de saúde, entre outros.

Uma das principais discussões do fórum abordou as diferenças entre o trabalho de prevenção com foco nos territórios e o trabalho centrado em populações específicas. “O que diferencia o trabalho realizado nas comunidades é que elas são locais de moradia das pessoas, onde se estabelecem as redes de relações mais primárias. É ali que as pessoas têm suas histórias familiares e de vida. Além disso, nestes locais existem todos os segmentos populacionais; o trabalho deve ser ao mesmo tempo integrado e específico”, disse Kátia Edmundo, da coordenação-geral do Cedaps, que mediou o fórum.

O fórum elaborou uma carta reafirmando as especificidades da prevenção realizada por moradores de comunidades e propondo a construção de um “Plano Nacional para o enfrentamento das DST/Aids em comunidades populares”. Entre os eixos a serem considerados no Plano estão: a articulação entre os serviços de atenção básica de saúde e as iniciativas comunitárias de prevenção; implantação de uma política de prevenção de base territorial que respeite as realidades sociais, culturais e políticas de cada localidade; a garantia de acesso a insumos (preservativo masculino e feminino, gel lubrificantes) nas comunidades mais distantes, entre outros.

A carta do Fórum Aids e Comunidades Populares foi lida por Judite Rocha, do MAB, na cerimônia de encerramento do Congresso. Durante a leitura, representantes da Rede de Comunidades Saudáveis e alguns participantes do fórum apresentaram a Colcha da Prevenção, confeccionada pela RCS.

Também foram divulgadas cartas de outros grupos, como pessoas com deficiência, Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids (RNP+), Rede Gapa, Rede Nacional Afro-atitude, entre outros.

“Foi a nossa vez de falar, cobrar, mostrar o que a gente está fazendo onde o governo não vai. Mostramos o que estamos fazendo sem reconhecimento e com dificuldades, como a falta de insumos”, disse Lucia Cabral sobre o fórum.

Leia também o relatório elaborado por Mariana Gomes, da PROA/RCS, sobre o evento.