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Comissão da RCS inicia organização do Fala, Comunidade 9

A Rede de Comunidades Saudáveis (RCS) criou uma comissão para organizar as atividades do “Fala, Comunidade – Seminário Nacional de Comunidades e Movimentos Populares na Luta contra a Aids”. Esta será a nona edição do evento, previsto para acontecer nos dias 9 e 10 de dezembro, e que tem como objetivos ser um espaço de aprendizado e discussão sobre temas relacionados à prevenção das DST/Aids e dar visibilidade às ações que as lideranças realizam todos os dias em suas comunidades.

A comissão é formada pelos seguintes integrantes da Rede: Rosa Carreiro (Comitê da Solidariedade do Fragoso), Maria Pedro da Silva (Associação de Moradores do Conjunto Residencial Noêmia Nunes), Maria Moreira (Comitê Menino Jesus de Praga), Magnólia Regis (Associação Semente da Vida), Andréa Araújo (Organização Brasileira Inter-Multidisciplinar de Mulheres), Antonio Linhares (Associação Greenlife), Napoleão Brasil (GRBC Acadêmicos dos Arcos) e Maria Aparecida Ribeiro (Movimento de Mulheres de Parque Horácio).

As lideranças se encontraram no CEDAPS, no dia 09 de outubro, para levantar temas para debates e atividades de capacitação. A edição deste ano terá como principal eixo de discussão o tema “vulnerabilidade”, a fim de possibilitar uma reflexão sobre as diferentes vulnerabilidades à Aids e as estratégias comunitárias de enfrentamento a elas. Entre os temas sugeridos estão: discriminação e violência contra pessoas vivendo com HIV/Aids em comunidades; violência intrafamiliar; oferecimento do teste rápido para HIV em comunidades (prós e contras); sorodiscordância; prevenção posithiva; redução de dados e prevenção da Aids.

Fala, Comunidade!

O seminário “Fala, Comunidade” é realizado anualmente pelo CEDAPS desde o ano 2000, sempre com a proposta de possibilitar um espaço de reflexão sobre práticas, conceitos, dificuldades e desafios que envolvem a prevenção das DST/Aids nas comunidades populares. Há dois anos o “Fala” vem se consolidando como um evento de encontro de movimentos sociais de abrangência nacional – como o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Central de Movimentos Populares (CMP) – além de organizações não-governamentais de outros estados brasileiros, como Coletivo de Mulheres Negras Nzinga (MG), Grupo Malunga (GO) e Bamidelê (PB), e, principalmente, moradores de comunidades populares.

Em 2007, o seminário contou com mesas de debate e rodas de conversa, nas quais os participantes sistematizaram reflexões e recomendações para o fortalecimento do trabalho de prevenção das DST/Aids desenvolvido por lideranças comunitárias.

Algumas recomendações/indicações/sugestões:

Parceria comunidade-universidade
As universidades poderiam desenvolver pesquisas para subsidiar as demandas das comunidades e facilitar o diálogo com o poder público;
Comprometer-se com a devolução dos resultados das pesquisas para as comunidades;
Incluir o recorte racial nas pesquisas;
Realizar pesquisas que dêem visibilidade ao trabalho comunitário;
Promover espaços de troca entre os saberes e expectativas das comunidades e da academia.

Aids e deficiência

Reconhecer como necessária a elaboração de materiais educativos de apoio ao trabalho de prevenção das DST/Aids para pessoas com diferentes tipos de deficiência – materiais adequados a cada tipo de deficiência;
Reconhecer os direitos sexuais e reprodutivos das pessoas com deficiência: direito ao prazer, autonomia nas escolhas, acesso aos insumos da prevenção, etc.
Promoção de campanhas contra o preconceito contra pessoas com deficiências;
Ampliar as discussões sobre as doenças oportunistas que possam gerar deficiências.

Iniciativas comunitárias e serviços públicos

Formar uma comissão na Rede de Comunidades Saudáveis para aprofundar a relação dos grupos comunitários com os serviços (fiscalizar e cobrar ações mais efetivas);
Deve ser reconhecido o potencial das instituições comunitárias para a coordenação de projetos financiados por meio editais públicos;
Recomenda que os conselheiros de saúde não usem este cargo para garantia de prioridade no atendimento e, sim, cumpram suas funções;
Ocupar cada vez mais os espaços dos conselhos de saúde;
Integração e articulação com as Estratégias de Saúde da Família de cada localidade no apoio às ações comunitárias;
Cobrar respeito no atendimento no serviço de saúde (falta diálogo/acolhimento dos profissionais de saúde com a população atendida; é preciso uma escuta atenta às demandas dos usuários)

Prevenção e religiosidade

Que o Estado e as comunidades populares reconheçam as instituições religiosas como recurso para o trabalho comunitário de prevenção das DST/Aids
Maior diálogo entre as instituições religiosas e as instituições de base comunitárias
Valorização da história e tradição de cada religião antes de falar sobre prevenção
Criar um Grupo de Trabalho no Fórum de ONG/Aids para discutir prevenção e religiosidade

Diversidade sexual e comunidades

Maior diálogo movimento LGBTT e comunidades;
Fortalecimento e constituição de espaços específicos dentro das comunidades para discussão sobre diversidade sexual e preconceito.

Movimentos populares

Valorizar a importância da participação dos movimentos populares no movimento social de luta contra a Aids para enfrentar o empobrecimento do HIV/Aids;
Fortalecer a recomendação do Encontro Nacional de ONGs/Aids (Enong) de 2005 de que os Fóruns de ONGs/Aids criem os Grupos de Trabalho sobre Aids, Comunidades e Movimentos Populares;