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A importância da promoção da saúde em áreas periféricas

Pediatra Viviane Manso é parceira na área da saúde e comenta os 25 anos do CEDAPS

Viviane Manso Castelo Branco é pediatra com habilitação em Adolescência e mestrado em Saúde Coletiva. Professora de Medicina Social da Escola de Medicina Souza Marques, trabalha também na Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. Viviane era a coordenadora geral do RAP da Saúde, projeto que, até 2014, foi desenvolvido por meio de convênio com o CEDAPS. Ela nos concedeu uma entrevista para falar sobre o protagonismo juvenil e o acesso à saúde em territórios sem visibilidade e fala sobre o trabalho do CEDAPS na promoção da saúde.

O Rio de Janeiro é uma cidade de muitos contrastes. As comunidades populares são territórios de potencialidades, cultura e vivência de lutas. Para ela, nos últimos 25 anos existiram avanços na discussão de projetos com foco nessa população. “Embora ainda haja problemas muito graves, houve avanços, inclusive na visibilidade. Nos anos 90 os mapas nem sequer  mostravam as favelas. Houve mais atenção e investimento em projetos para esse público. Também teve um olhar mais positivo para as potencialidades desses espaços. Foram criadas várias instâncias e projetos para trabalhar com a juventude  e o protagonismo dos jovens passou a ser mais valorizado”, disse.

O investimento em adolescentes e jovens e a valorização das suas potencialidades são elementos-chave para reverter o quadro de vulnerabilidade das periferias. Exemplo de investimento social modelo, é o programa RAP da Saúde, que tem como objetivo ampliar as ações de promoção da saúde na cidade do Rio de Janeiro por meio do protagonismo juvenil e da intersetorialidade.  Os jovens que integram a equipe do RAP ficam responsáveis por disseminar o conhecimento sobre questões ligadas à saúde e mobilizar suas comunidades, organizando encontros e oficinas para a troca de informações e desenvolvimento de ações sociais.

Sobre a implementação e saldo do RAP da Saúde, Viviane acredita que a soma de esforços pelo protagonismo juvenil neste âmbito, fez com que os jovens conseguissem resultados expressivos. “Desde a concepção do projeto, a gente foi crescendo junto, Secretaria, CEDAPS e jovens. Essa parceria foi fecunda, e eu me orgulho de ter construído algo tão positivo. Foi me chamando atenção a militância que o CEDAPS tem e como eles investiam no projeto por acreditar na importância dele. Eu me lembro do esforço que fizeram para instrumentalizar os jovens no gerenciamento de recursos e na elaboração de projetos. O CEDAPS é uma ONG que tem um ideal; eu sinto isso”, relata.

As favelas são lugares de grande força produtiva, contudo, são espaços para os quais convergem fatores negativos que concorrem para maior vulnerabilidade dos seus residentes frente a diferentes agravos à saúde. Essas iniquidades se expressam de forma mais contundente na violência que afeta os adolescentes e jovens negros. Entre outros objetivos, o CEDAPS, nesses 25 anos, procura qualificar lideranças e moradores de comunidades populares para atuação com articuladores intersetoriais de promoção da saúde favorecendo o desenvolvimento de políticas públicas saudáveis tendo como eixo a mobilização e a participação qualificada da comunidade.

Para Viviane, é importante destacar o papel dos jovens na construção de ações de promoção da saúde em comunidades populares. “É preciso ir onde os jovens estão, construir um diálogo, apostar na sua criatividade, no seu dinamismo, na sua capacidade de comunicação, especialmente com seus pares. Eu acho que a resposta está no protagonismo juvenil e na parceria dos jovens com os serviços de saúde, para que possam pensar, juntos, soluções para o enfrentamento dos desafios”, afirma.

Celebrando os 25 anos do CEDAPS, a pediatra projeta voos mais altos na promoção do acesso a saúde. “O CEDAPS sempre se caracterizou pela busca de  metodologias inovadoras, buscando novas parcerias e acho que eles têm uma postura muito ética. O CEDAPS me passa muito compromisso com aquilo que faz. Ele tem uma atuação ampliada com relação à saúde, voltada para os determinantes sociais. Espero que o CEDAPS cresça e continue por muitos anos e que a gente possa voltar a comemorar outras conquistas”, finaliza.

Saiba mais sobre  a institucionalização do RAP da saúde:
http://www.adolescenciaesaude.com/detalhe_artigo.asp?id=486