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Evolução da Metodologia Mapa Falante Cedaps: da escuta comunitária à tecnologia georreferenciada

Metodologia de mapeamento participativo conta com o saber de moradores e frequentadores locais para mapear desafios territoriais e promover mudanças; mais de 1.000 mapas já foram registrados

Desde sua criação, o Mapa Falante Cedaps tem se constituído como uma potente ferramenta de mobilização social, escuta qualificada e planejamento participativo. Inspirada nos princípios da Educação Popular e da Promoção da Saúde, a metodologia parte do diálogo e da construção coletiva do conhecimento — conforme propõe Paulo Freire — para promover o protagonismo dos territórios na formulação de soluções locais.

Nos anos iniciais, ainda na década de 2000, os mapeamentos eram realizados manualmente, com papel pardo, canetas coloridas e a escuta direta de moradores e frequentadores das comunidades. Essa abordagem, embora artesanal, era central para fomentar o pertencimento, a análise crítica do território e a identificação coletiva de problemas e potencialidades locais. O engajamento comunitário nesse processo foi, e continua sendo, o alicerce político e metodológico do Mapa Falante.

Entrega de mapas impressos no Ciclo Saúde Proteção Social / Fonte: Vale, 2024

Com o passar dos anos, o Cedaps passou a incorporar inovações tecnológicas e metodológicas à prática do mapeamento participativo. O uso de smartphones, aplicativos de coleta de dados, ferramentas de georreferenciamento e plataformas como o Google My Maps ampliou significativamente a capacidade de registrar, sistematizar e analisar as informações produzidas em cada território. Essa transição digital não substituiu a dimensão participativa da metodologia, mas sim a fortaleceu, permitindo uma leitura mais densa e territorializada de temas como saúde, educação, infraestrutura, segurança e meio ambiente.

Em 2021, a criação do Núcleo de Geoplanejamento marcou um novo momento da trajetória do Mapa Falante. Com foco na sistematização, visualização e análise territorial integrada, o núcleo possibilitou a consolidação de um acervo metodológico robusto, que articula a escuta comunitária às possibilidades oferecidas pela tecnologia. Entre 2022 e 2025, foram produzidos 1.001 mapas, sendo 404 impressos e 597 digitais, refletindo o amadurecimento técnico e político da metodologia.

A produção anual ilustra esse avanço:

  • Em 2022, foram elaborados 95 mapas impressos;

     

  • Em 2023, somaram-se 75 mapas impressos e 60 digitais;

     

  • Em 2024, a produção saltou para 455 mapas digitais e 38 impressos;

 

  • Já em 2025, até o momento, foram realizados 82 mapas digitais e 50 impressos.
Prática de Google My Maps com agente de saúde / Foto: Bel Junqueira, 2024

Mais que uma ferramenta de registro territorial, o Mapa Falante Cedaps se consolidou como um instrumento vivo de planejamento, que expressa com profundidade os desafios e as potências dos territórios populares. Ao integrar a escuta das comunidades às possibilidades do geoprocessamento, a metodologia permite produzir diagnósticos críticos, fomentar políticas públicas territorializadas e fortalecer o direito à cidade.