Aconteceu, no dia 27 de setembro, a inauguração da sede do Grupo Conexão G, entidade participante da Rede de Comunidades Saudáveis do estado do Rio de Janeiro. A sede vai funcionar na comunidade da Nova Holanda, no Complexo de Favelas da Maré (zona norte do Rio de Janeiro), onde o grupo já atua na luta pelo fim da violência e discriminação contra lésbicas, gays, bissexuais, transexuais (LGBT). No evento, foi anunciado que o Conexão G terá um trio elétrico para representar as comunidades populares na 13ª Parada do Orgulho LGBT – Rio de Janeiro, prevista para o dia 12 de outubro.
Na abertura do evento, a pesquisadora Silvia Ramos, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania/Universidade Cândido Mendes, definiu o Grupo como a “iniciativa mais importante do panorama LGBT nos últimos tempos”. Destacou ainda o fato de o Conexão G ser “o primeiro grupo LGBT de comunidades”.
Kátia Edmundo, da coordenação geral do CEDAPS, parabenizou os esforços de todos os integrantes do Grupo e ressaltou a participação de membros da Rede de Comunidades Saudáveis – PROA, Educap e Clube de Adolescentes – no evento. Kátia chamou a atenção para a importância do trabalho desenvolvido pelo Conexão G e outros grupos comunitários no combate à epidemia de Aids. “A saúde não está dada, é construída a cada dia e a realidade só muda com o trabalho”, afirmou fazendo referência ao lema da RCS – ‘A realidade não muda sozinha’.
Dando prosseguimento à mesa de abertura, Eliana Souza, presidente da Redes de Desenvolvimento da Maré, ressaltou o fato de o Conexão G ter “desabrochado de uma experiência que saiu de dentro da Maré, o que confirma uma característica desta favela de buscar alternativas para enfrentar seus problemas.”
Marjorie Macchi, presidente do Astra-Rio, representou o movimento de travestis e transexuais do Rio de Janeiro e começou sua fala relembrando o concurso de beleza travesti que existia na Nova Holanda em uma época de muito preconceito. Marjorie destacou o que denominou de “ousadia e abuso dos meninos e das meninas do Conexão G na fundação de um movimento comunitário que vem qualificar a discussão e propor melhorias na qualidade de vida da população LGBT”.
Cláudio Nascimento, superintendente da Secretaria Estadual de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos, também enfatizou o caráter inovador do Conexão G como uma organização de base comunitária “que pode servir de inspiração para outras comunidades na discussão da qualidade de vida, do combate à homofobia e da desigualdade social e econômica”. Segundo ele, o Conexão G “está fazendo uma revolução muito grande”.
Em sua fala, Gilmar Santos, presidente do Conexão G, apresentou os membros do Conexão G e a participação de cada um na conquista da sede. Gilmar relembrou as mudanças ocorridas no interior do movimento LGBT, que “antes era de classe média, mas agora também está aberto a outros segmentos”, e frisou a luta que envolve a conquista de uma sede por uma organização comunitária: “A comunidade não está ganhando nada, mas está reivindicando seus direitos.”
A inauguração da sede do Conexão G contou ainda com a presença de integrantes da RCS – Janice Delfim, Mariana Gomes e Cris dos Prazeres (PROA); Renata Trajano, Wallace Orlando, Lúcia Cabral (Educap); e dinamizadores do Clube de Adolescentes do Complexo do Alemão – além de Marielle Franco, representante do mandato do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) e Julio Moreira, do Grupo Arco-Íris de Conscientização Homossexual.