Promover conversas sobre o mercado de trabalho com jovens é prioridade, segundo coordenadora
A Associação de Mulheres e Amigos do Morro do Urubu (AMAMu), localizada em Piedade, zona norte do Rio, existe desde 1992 e tem como objetivo proporcionar melhorias na qualidade de vida da população local com uma série de ações. O projeto assiste jovens e mulheres da comunidade. Quem está à frente do projeto é a Sonia da Silva, que com mais duas pessoas, organiza atividades que vão desde promoção da saúde a passeios culturais.
A associação surgiu com um grupo de mulheres que viam a necessidade de desenvolver trabalhos voluntários em forma de mutirões entre os moradores, para promover melhorias estruturais na comunidade. A partir de 1998, Sonia conheceu o CEDAPS e desde então, estão trabalhando em parceria. Naquele momento, o CEDAPS era uma instituição que “apontaria os caminhos, respeitando as nossas ideias e nos ajudando a fazer um diálogo com os gestores locais, no nosso caso, a Prefeitura”, observou, vendo a importância dessa parceria para o reconhecimento do Morro do Urubu em diversos órgãos federais, estaduais e municipais.
A AMAMu tem diversos eixos de trabalho, como inclusão digital, drogas, DST/AIDS, tuberculose, com o foco em alertar e conscientizar as pessoas. Inicialmente, o foco era trabalhar com mulheres, mas o público-alvo se diversificou e a organização passou a trabalhar com adolescentes e jovens do morro. Com a mudança de público, as atividades passaram a ser cineclubes, atividades voltadas para o mercado de trabalho, prevenção, conhecimento em Direitos Humanos e realização de encontros turísticos e intercâmbios culturais.
A mobilização dos moradores se dá a partir de um “trabalho de formiguinha”, como disse Sonia, por meio de “murais comunitários”, que são avisos colados em postes, biroscas, mercadinhos, barracas de lanches. Sonia vê essa forma de divulgação como uma comunicação mais real, já que não se tem uma rádio comunitária na favela e os pontos citados fazem parte da circulação dos moradores.
Atualmente, a AMAMu está com um projeto de contar a história do morro por meio de graffitis pensando na valorização do local. Estão entrevistando os moradores mais antigos para criar painéis ilustrados e, a partir disso, eles pretendem fazer uma exposição com as obras desenvolvidas com as histórias contadas. “A partir desse projeto, queremos estimular o orgulho dos jovens daqui. E essa ideia veio a partir do momento que eles tinham vergonha de dizer que moravam no Morro do Urubu. Mas eu não sou um urubu qualquer. Sou um urubu-rei”, exclamou, orgulhosa.