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“Começamos respeitando o jovem, acreditando em seu potencial”

Responsável pela realização do Jovens Construtores na Califórnia vista o Brasil e conhece versão brasileira do projeto

O americano Phil Matero é o responsável pela YouthBuild Charter School of California, organização local que trabalha com a metodologia do YouthBuild na Califórnia há cerca de dez anos atrás. Na Califórnia, o programa faz, ao mesmo tempo, a gestão de 21 escolas onde o YouthBuild é aplicado. As charters schools são escolas mantidas com recursos públicos, mas contam com uma gestão privada, e oferecem certificação equivalente ao ensino médio no Brasil.

Em maio, ele veio ao Brasil visitar o CEDAPS e entender como o Jovens Construtores funciona no país. O objetivo da visita foi ajudar a pensar na expansão do programa por aqui, levando em consideração as diferenças socioculturais e políticas entre Brasil e Estados Unidos.

O Programa Jovens Construtores é uma tecnologia social voltada para a formação de jovens, originalmente concebida pela organização YOUTHBUILD e implementada no Brasil pelo CEDAPS – Centro de Promoção da Saúde, com assessoria do YouthBuild International.

Em entrevista, Phil falou sobre a realidade dos jovens atendidos pelo programa na Califórnia, suas impressões sobre o Brasil e o que ele vê de semelhança entre as realidades encontradas nos dois países.

 

Qual a realidade dos jovens atendidos pelo Programa na Califórnia, suas principais questões e desafios?

Phil: A principal questão que encontramos na maioria dos jovens que trabalhamos é basicamente o abandono pela sociedade. Eles são de uma comunidade aonde as escolas não são boas. Logo, não estão preparados para conseguir uma boa faculdade, um bom emprego. Além de viverem com muita insegurança, violência e pobreza nas ruas. Então, eles estão sobrevivendo nesse meio, o que às vezes acaba levando para um caminho de problemas com a polícia. Em outras comunidades existem outras dificuldades como a carência de um bom ensino público, um bom emprego. Percebemos também que a transição para a vida adulta, o jovem acaba levando o sentimento de exclusão de parte da sociedade.

 

Quais os principais desafios e “facilidades” que encontra para executar o programa na Califórnia?

Phil: Para nós, a estratégia começa respeitando o jovem, acreditando em seu potencial, sabendo conhecer e transmitir a nossa crença na capacidade deles. O programa é baseado nos pontos fortes, então, começamos a trabalhar com o que ele tem de melhor. Trabalhamos juntos para poder solucionar questões como segurança pública, violência, saúde, educação. Também reforçamos junto aos jovens a importância do seu papel na sociedade.

 

Quais as principais semelhanças que encontrou aqui no Brasil?

Phil: A exclusão por parte da sociedade é a semelhança que encontrei por aqui. Percebi também que os jovens nascidos e criados na favela não podem sair de lá, como se estivessem presos. Então, inicia-se o processo de criar uma ponte para que possam sair e consigam ter um futuro melhor.

 

Quais as maiores diferenças encontradas aqui no Brasil?

Phil: O potencial para empregos. Existem empregos na Califórnia, contanto que eles tenham um nível mínimo de capacitação e potencial, até mesmo para aqueles que não têm alguma formação. Já aqui, no Brasil, você não consegue ter certeza se vai conseguir um emprego, a escola também não tem nenhum tipo de atividade vocacional, tudo isso acaba colaborando com a falta de oportunidades.

 

E para finalizar, pode fazer um resumo do que está vendo no programa aqui?

Phil: Eu disse a equipe essa semana, que o programa deles aqui é o melhor que eu já vi. Tem a ver com o respeito que o jovem é tratado e a maneira de transformar a comunidade. Além de ser um programa autenticamente sincero.