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RCS forma comissão para discutir educação

A Rede de Comunidades Saudáveis realizou dois Fóruns Populares de Educação, com o objetivo de debater propostas para as etapas preparatórias da Conferência Nacional de Educação (Conae), que será realizada em abril de 2010. Como um resultado dessas discussões – e para fortalecer sua reflexão sobre o tema -, a Rede formou uma Comissão de Educação, que passará a se reunir periodicamente no CEDAPS. O primeiro encontro acontecerá no dia 10 de junho, às 13h30, no CEDAPS.

No primeiro Fórum Popular de Educação, realizado no dia 06 de maio, houve a apresentação do processo de preparação da Conae e de seus eixos temáticos. Foram discutidas ainda as violações do direito à educação nas comunidades e bairros de periferia e as lideranças comunitárias elaboraram propostas para fazer valer os direitos de crianças, adolescentes, jovens e adultos quanto à educação básica e ao ensino superior. Os dois dias de discussão contaram com a participação de adolescentes convidados pelas lideranças comunitárias para que pudessem colaborar com suas idéias e experiências.

Como propostas e reivindicações, a Rede indicou:

• Criação de estratégias para incentivar a participação da família e da comunidade na escola e discutir a importância dos pais/mães/responsáveis conhecerem os professores, aproveitando as experiências de mobilização das lideranças comunitárias (organização de encontros, cafés da manhã, entre outros);

• Mais abertura para o diálogo por parte das Coordenadorias Regionais de Educação para lideranças comunitárias, pais/mães/responsáveis e alunos;

• Promoção do diálogo entre escolas e outros serviços e instituições que atendem as comunidades;

• Que a escola seja mais participativa (há muita burocracia pra participação);

• Criação com os pais/mães/responsáveis de atividades de avaliação e prestações de conta dos recursos recebidos pela escola (melhorar o controle social);

• Apóio à participação de crianças e adolescentes no espaço escolar;

• Criação de iniciativas para professores conhecerem a comunidade, a realidade dos alunos.

Entre a dificuldade mais apontada pela Rede de Comunidades Saudáveis para a garantia de educação de qualidade para crianças, adolescentes e jovens das comunidades populares está o grande distanciamento entre escola e comunidade, que acontece de muitas formas:

• Mesmo oferecendo trabalho voluntário, muitas lideranças não têm oportunidade de desenvolver atividades na escola;

• A escola não respeita a forma de falar de pais/mães/responsáveis;

• Os responsáveis por vezes têm dificuldade de participar do Conselho Escola Comunidade (CEC) porque a escola impõe limitações à participação e alguns responsáveis não têm domínio dos temas tratados;

• Mães não podem participar das reuniões por falta de horário (como proposta para esse problema surgiram ideias como: “avisar com antecedência”, “buscar horários e dias alternativos para as reuniões”);

• Famílias que não se interessam pela vida escolar das crianças;

• Falta de acolhimento as opiniões dos responsáveis pela direção da escola

• A escola não conhece, não sabe nada da comunidade ou das comunidades de onde vêm os alunos. Está muito fechada pra comunidade, inclusive ‘fisicamente’ (não abertura aos sábados);

• Falta de diálogo da direção da escola com os alunos. Não há resposta sobre o que acontece na escola, como o não funcionamento de determinados espaços.

Outros problemas indicados foram: desvalorização do ensino público e da própria educação pela sociedade; inexistência de escolas técnicas, principalmente nas comunidades; escolas não se modernizam para estimular os alunos; “os cursos profissionalizantes oferecidos só dão o básico (apenas um mês de curso de computação, por exemplo)”; diretores que só dialogam com as lideranças comunitárias quando uma criança “traz problema” para a escola.

Para organização do segundo Fórum Popular de Educação da RCS e participação em espaços de discussão e controle social no campo da educação, os integrantes da Rede apontaram como necessidades: entender o funcionamento dos espaços de controle social em cada município (CEC, entre outros); conhecer exemplos de bons projetos existentes nas redes municipais e estadual de educação para fortalecê-las e tomá-las como base de iniciativas semelhantes em cada município; discutir mais cada eixo da Conae; discutir a visão de pais/mães/responsáveis e da escola sobre crianças e adolescentes (ver a criança não como um problema e sim a partir de suas habilidades e potenciais); conhecer experiências de aproximação escola-comunidade, as funções do CEC e outras formas de participação.

No segundo Fórum Popular de Educação, no dia 21 de maio, as lideranças conheceram uma experiência baseada no trabalho em rede e na proposta de aproximação entre diversos atores sociais para melhorar a educação de crianças e adolescentes (conceito do Bairro-Escola). Outra atividade realizada neste dia foi o levantamento de iniciativas informais de educação nas comunidades.

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Publicado em 26-05-09