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Lideranças da RCS finalizam projetos em Prevenção DST/Aids

As ações locais em HIV/Aids desenvolvidas pelas lideranças participantes do Ciclo de Educação Comunitária – realizado por meio de uma parceria entre Cedaps, Instituto de Pesquisas Clínicas Evandro Chagas (IPEC/Fiocruz) e Comitê Comunitário Assessor/ABIA – estão em fase de conclusão. Na Uma reunião de acompanhamento de projetos, realizada no dia 30 de janeiro, foram registrados os avanços e as dificuldades dos projetos. Dos 15 projetos elaborados, 10 estão finalizando suas atividades.

Algumas lideranças começam agora a planejar os desdobramentos das ações. É o caso de Daiane de Matos e Lúcia Cabral da comunidade da Grota, localizada no Complexo do Alemão. Elas já realizaram a maioria das oficinas com adolescentes e programam encontros com as mães dos jovens, que pediram uma reunião específica. “Têm mães que não conhecem nada sobre sua própria sexualidade e têm várias perguntas”, contou Lucia.

As autoras do projeto também querem criar um jornal para abordar questões ligadas à saúde sexual. Uma dificuldade encontrada – mobilizar os jovens no período de férias – tem sido contornada com a realização de jogos de futebol após as oficinas. Dos 15 jovens participantes das atividades, 12 são meninos. Enquanto eles jogam futebol, Lucia e Daiane aproveitam para fazer um bate-papo com as meninas. Lucia avalia um dos resultados alcançados: “A multiplicação de informações está sendo feita dentro de casa com os pais e fora com os amiguinhos (…) É uma rede de informações, de [distribuição de] camisinhas, que tá se formando”.

Troca de experiências

Outro projeto – de Ana Maria Araújo e Maria Moreira, moradoras de Duque de Caxias – também precisou de uma estratégia de mobilização para atingir as mulheres da comunidade de Parque Muisa. Elas aproveitaram as reuniões de inscrição no Programa Bolsa Família para conversar sobre saúde, prevenção, planejamento familiar.

Um ponto importante das reuniões de acompanhamento é a troca de experiência entre as lideranças. Para cada dificuldade encontrada, alguém faz uma sugestão. Para a necessidade de mais divulgação das ações, por exemplo, as lideranças propuseram a utilização de outros espaços e atividades e a criação de uma página no Orkut pra falar sobre os projetos.

Uma estratégia – a criação de desenhos por um morador da comunidade, utilizada na ação de Ana Maria Manço – foi elogiada pelas lideranças presentes à reunião, que falaram da importância de se tratar dos temas de prevenção na própria linguagem das comunidades. Os cartazes e as frases retratam a diversidade dos grupos existentes nas comunidades e as diferentes abordagens necessárias: fizeram referência aos bailes funk, às profissionais do sexo, aos jovens.

Evento no Morro do Urubu

Para marcar a finalização de algumas ações, a Associação de Mulheres e Amigos do Morro do Urubu (Amamu) organizou, dia 26 de janeiro, o evento de encerramento de seu projeto, elaborado por Sonia Gonçalves e Rosane Baptista. Sônia, presidente da Amamu, agradeceu aos jovens. “Tenho certeza que o Morro do Urubu tem muito mais pessoas sabendo se prevenir e falando pros outros como se prevenir”, disse. Também falando aos jovens, Rosane destacou o conhecimento que ela própria adquiriu com o Ciclo de Educação Comunitária e que pode ser compartilhado com todos eles.

A proposta do projeto era desenvolver atividades atrativas – como práticas esportivas e aulas de teatro – para levar os jovens para a associação e formar agentes multiplicadores. “O que mais me chamou a atenção foi o teatro, como o pessoal se identificava com o personagem, interagia melhor”, contou Sonia. Os esquetes – com temas como preconceito, teste anti-HIV, uso da camisinha, atendimento precário no serviço de saúde – deverão ser incorporadas às ações de prevenção da Amamu, como o famoso ‘camelô educativo’. “A gente vai levar o teatro como o camelô: um atrativo a mais”, completou. A Amamu pretende escrever um projeto para tentar conseguir apoio para as apresentações.

Parcerias

Como a temática estava ligada ao esporte, Sonia desenvolveu o projeto com as turmas do projeto Guia Cívico. Para o vôlei e o handebol, a Amamu teve o apoio de um integrante da Rede de Comunidades Saudáveis: o Tio Joel – da Escolinha de Futebol de Realengo – que doou as bolas para as atividades. Em sua fala aos jovens, Sônia destacou essa parceria entre as comunidades. “Faço questão de falar isso. Tivemos a parceria do Tio Joel, que é de Realengo. Não tem Faixa de Gaza [como ela se refere aos limites impostos pelo tráfico nas comunidades] entre a gente. Que essa história da bola sirva de exemplo. Assim se constrói um mundo melhor pra gente.”

Os 50 alunos do curso participaram de oficinas para discutir sexualidade e prevenção das DST/Aids, que perfizeram um total de 18 horas de formação. “Hoje podemos dizer que temos 28 jovens atuantes, envolvidos e que querem ser multiplicadores” disse. A importância de multiplicar essas informações também foi tema de discussão com os jovens, outro objetivo do projeto de Sônia e Rosane. Além desse número, a avaliação do projeto – planejada durante o seminário – também mostrou outros resultados. “Teve diferença no pré e pós-teste [com perguntas sobre camisinha, DST] e também na maneira deles se colocarem. No princípio, a gente percebia que eles ficavam mais inibidos, depois já se colocavam, já conversavam sobre o assunto.”

Sônia fez questão de destacar a abordagem utilizada para se aproximar dos jovens. “A gente se colocou pra eles, nossas experiências, nossas dúvidas, nossas limitações. Não nos colocamos como alguém que estava longe deles.”