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Dia Nacional do Surdo – Entrevista com Verônica Lima, Facilitadora do RAP da Saúde

Dia do surdo

Hoje é celebrado o Dia Nacional do Surdo. No Polo Masao Goto do RAP da Saúde, jovens surdos atuam pela promoção da saúde e pela construção de uma sociedade que não exclua as juventudes com deficiência. Convidamos Verônica Lima, pedagoga e Facilitadora Regional da Equipe Sulacap do RAP, para contar sobre esse trabalho.

Como começou o trabalho com jovens surdos no Polo Masao Goto?

Verônica: O trabalho com os jovens surdos iniciou em 2007 com a criação de um projeto entre o trabalho da fonoaudiologia, no Centro Municipal de Saúde Professor Masao Goto, e educação especial, com a sala de recursos de duas escolas municipais, intitulado: Projeto Parceria Saúde e Educação de Surdos. Em 2009 foi adicionado ao projeto o trabalho do Serviço Social e, portanto, passou a se chamar Projeto Parceria, Saúde, Educação de Surdos e Famílias. Depois, os jovens Surdos foram convidados para participar do RAP da Saúde. Hoje, jovens ouvintes se inseriram no grupo.

Que atividades os jovens realizam?

Verônica: Os jovens realizam variadas atividades do RAP da Saúde e mantém as Oficinas de LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais – para familiares, profissionais e pessoas interessadas do território, assim como uma oficina lúdica com crianças ouvintes e surdas na contação de histórias em Libras. Mas a participação política desses jovens é marcante, principalmente quando conseguiram fazer valer o direito de terem intérpretes de Libras nas escolas públicas do município em que estão matriculados, através do Ministério Público. Essa foi uma luta coletiva em que as famílias desses jovens se envolveram, estudando, pesquisando e se organizando para a busca desse direito garantido por lei (Lei 10.436/02 e Decreto 5.626/05). Outra situação muito importante e que teve a participação dos jovens surdos é o Estatuto da Juventude, onde eles participaram de todas as conferências e discussões, principalmente na questão do ensino em Libras em uma escola inclusiva. Atualmente estamos participando das conferências de educação para a CONAE 2014, levando variadas questões ligadas à educação de surdos, principalmente com a implantação de escolas bilíngues para eles.

Quais as maiores dificuldades que esses jovens enfrentam?

Verônica: As dificuldades são muitas, sendo uma delas a comunicação tanto familiar quanto social. Apesar de algumas conquistas legais, ainda há muitos estereótipos que dificultam a compreensão da surdez como uma diferença e não deficiência.

Como as pessoas podem ajudar na construção de um mundo mais acessível para os jovens surdos, em particular, e pessoas com deficiências?

Verônica: Uma das possibilidades para a construção de um mundo mais acessível para os jovens surdos seria, primeiramente, o interesse e a sensibilidade em conhecer esse mundo diferente, o mundo do “ser surdo”, que é uma especificidade da surdez como diferença e não deficiência. O “ser surdo” é ser culturalmente e reconhecidamente uma individualidade visual, que pode e tem o direito de conquistar o seu espaço através de uma língua que lhe proporciona a condição de construir seu conhecimento de mundo, de vida, que é a Libras. Para as outras pessoas com deficiência não é muito diferente, principalmente na questão do interesse e sensibilidade.