Notícias

Rede de Comunidades Saudáveis celebra primeiro aniversário

Aconteceu em 24/05/06 o evento comemorativo do primeiro aniversário da Rede de Comunidade Saudáveis do estado do Rio de Janeiro. De 14 às 19 h estiveram reunidos, no auditório do CIAD, lideranças da Rede, equipe do Cedaps, representantes do Ministério da Saúde e da Assessoria da Promoção da Saúde do município do Rio, além de amigos e outros parceiros que acreditam na causa da promoção da saúde e na efetividade da Rede.

O evento contou com a presença de 62 lideranças dos 80 grupos comunitários que compõem a rede e teve um clima de celebração do início ao fim, mas também de muita seriedade nas apresentações e discussões. Daniel Becker, diretor-presidente do Cedaps, abriu o evento evidenciando a importância da causa da promoção da saúde e a relevância atual da construção compartilhada de soluções de saúde em comunidades populares, através de seus próprios gestores atuando em rede.

O Ministério da Saúde lançou em 21/03/2006 a regulamentação da Política Nacional de Promoção da Saúde versando justamente sobre os princípios norteadores e a prática social que sempre moveram as ações do Cedaps, que há mais de 12 anos promove a construção e a produção social da saúde em comunidades empobrecidas, com experiência e resultados reconhecidos e legitimados em níveis nacional e internacional.

A expressão desta constatação proporcionou em todos os participantes da rede a alegria em se ter a certeza de que o caminho trilhado até aqui foi acertado e que a partir de agora crescem as perspectivas de articulação e sinergia na mobilização de políticas públicas que percebam a saúde de forma mais plena, relacionada com os determinantes sociais e sempre com a participação popular. Depois Wanda Guimarães, coordenadora do Cedaps, apresentou as conquistas e os desafios da Rede de Comunidades Saudáveis do Rio de Janeiro, mostrando seu crescimento e expansão, através de uma análise composta por dados quantitativos sobre o público-alvo e depoimentos dos gestores da rede.

Em seguida, foi a vez de cinco lideranças da Rede apresentarem a trajetória das ações de cada grupo comunitário para o fortalecimento da promoção da saúde no estado do Rio de Janeiro. Nessa mesa em que os próprios gestores da rede contaram suas experiências, se evidenciaram os desdobramentos que a Rede de Comunidades Saudáveis está produzindo: as redes locais e sub-redes temáticas que costumam brotar em redes maiores e a movem cada vez mais fortemente porque está rendendo frutos.

A seguir, Viviane Castelo Branco, da Assessoria da Promoção da Saúde do município do Rio e Adriana Castro, do Ministério da Saúde apresentaram a perspectiva dos órgãos governamentais em relação à política nacional de promoção da saúde. Viviane evidenciou o grande desafio que é pensar a promoção da saúde e enfatizou que a Assessoria tem a preocupação de não centralizar as ações e de atuar como articuladora de ações no apoio a projetos. Destacou, ainda, os conceitos norteadores que devem basear as ações em saúde, como a autonomia, o saber popular, a construção compartilhada e o direito à ternura, que faz a “costura de todas essas referências”.

Já Adriana Castro, do Ministério da Saúde, atentou para a coincidência entre os aniversários de um ano da Rede e da luta pela publicação da portaria que regulamenta a Política Nacional de Promoção da Saúde. Disse que esta luta começou em 1986, na Conferência Nacional de Saúde, mas que a discussão foi iniciada no Ministério da Saúde somente em 1998. Adriana ressaltou que sua apresentação sempre muda quando ouve a Rede falar porque “a vida se impõe, ninguém fica esperando uma portaria do Ministério para fazer qualquer coisa”. Acrescentou que esta política tem como objetivo a qualidade de vida e afirmou que “a grande vantagem do trabalho em rede é que ela cria a mobilização para que o poder público escute.”

No debate que se seguiu, algumas lideranças fizeram críticas à situação da saúde no Rio, tiraram dúvidas sobre a atuação do Programa de Saúde da Família e discutiram os problemas ligados às instâncias de controle social. “Se a gente entende que o controle social é falido, é comprado, tá na hora dessa Rede começar a ver o mecanismo para que a gente faça valer o SUS que nós queremos”, disse Sônia Gonçalves, da Associação de Mulheres do Morro do Urubu. O evento foi encerrado com um coquetel e um show de uma banda da comunidade do Urubu.

Por Laura Olivieri